domingo, 26 de abril de 2015

A ARTE INDÍGENA

                       

“SOMOS PARTE DA TERRA E ELA É PARTE DE NÓS”

Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no séc. XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professores. Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração. homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.


A Visão Indígena Brasileira

O que é índio?
Um índio não chama nem a si mesmo de índio esse nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que significa "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma.


Qual a origem dos índios?

 Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol, /tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciãos e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma humanidade’. Os anciãos navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciãos se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciãos fizeram surgir da Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.
Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.

ARQUITETURA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho. No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reunem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que levam a roça, ao campo e ao bosque. Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.

PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA
Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. E para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende. As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido. Assim como a pintura corporal a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e magestade. Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.

A ALDEIA CABE NO COCAR
A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. "É uma lógica de manutenção e não de progresso", explica Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.

A FLORESTA
O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapó.

OS HOMENS
A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a "prefeitura" Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.

AS MULHERES
O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos. Todas as choças têm a mesma distância em relação à casa dos homens.

TRANÇADOS E CERÂMICA
A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita perfeição. A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto ocorreu na ilha de Marajó.       

FONTE:



              

sábado, 18 de abril de 2015

NOSSO AMIGO: O LIVRO





Dia Nacional do Livro Infantil


Dia 18 de Abril é o Dia Nacional do Livro Infantil pois é a data de nascimento de um dos principais escritores de literatura infantil do Brasil, Monteiro Lobato! Ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperou os costumes e lendas do folclore nacional. E não parou por aí, misturou todos eles com elementos da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.


Dia Nacional do Livro


Dia 29 de outubro é comemorado o Dia Nacional do Livro, e realmente é um dia a se comemorar, pois o livro traz informação, conhecimento, divertimento e fantasia, muitas vezes transformando positivamente a vida das pessoas. O dia foi escolhido porque em 29 de outubro de 1810 ocorreu a fundação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro e com certeza foi um marco para a literatura no Brasil, que passou a contar com obras importantes para consulta. 



Um mundo de sonhos, informação e conhecimento!


Quando abrimos um livro sempre há surpresas e emoções. Você já reparou que quando começamos a ler nossa imaginação vai longe? Entramos em castelos, vivemos grandes aventuras e levamos grandes sustos também!
Na escola, os livros algumas vezes podem não ser tão divertidos, mas trazem muita informação e novos conhecimentos. Além do mais, isso vai depender da forma com lemos esses livros, pois não é difícil criarmos histórias lendo conteúdos escolares. Você já experimentou? Vale a pena, pois fica muito mais fácil para compreender o conteúdo!








O livro no Brasil tem história...



Tudo começa com a chegada a família real ao Brasil, em 1808... D. João VI ordena a instalação da Imprensa Régia e com ela foi publicado o primeiro jornal brasileiro, a Gazeta do Rio de Janeiro e também o primeiro livro, Marília de Dirceu, romance de Tomás Antonio Gonzaga. Nesta época a diferença entre a população pobre e a elite era evidente: 84% da população não sabia ler e a minoria pertencente a elite era culta e com acesso à educação.
A influência francesa era grande e dois irmãos, Laemmert e Garnier, destacaram-se pela ampliação do campo editorial. Fundaram uma livraria, a Livraria Universal e uma tipografia, também chamada de Typografia Universal. Publicaram almanaques, clássicos da literatura, dicionários, coleções, obras técnicas e acadêmicas, tornando-se responsáveis pelas primeiras publicações de qualidade no Brasil.
Aos poucos os autores brasileiros foram ganhado espaço e sendo mais valorizados. Registrando o maior sucesso editorial do início do século XX, Graça Aranha escritor natural do Maranhão, escreveu Canaã. Em seguida vieram Euclides da Cunha, Machado de Assis e tantos outros que fizeram história na literatura brasileira.





Mas e a literatura infantil?


Inicialmente as histórias infantis não eram escritas, mas somente contadas e eram criadas pelas próprias mães que tinham necessidade de se comunicar com seus filhos e contar a respeito das coisas que os rodeavam.
O início da literatura infantil ocorreu entre os anos de 1628 e 1703, com os títulos: , "O Barba Azul" (Perrault)”, "A Gata Borralheira"(Irmãos Grimm), “O Patinho Feio” (Andersen) entre outros.
No Brasil a literatura infantil começou a se desenvolver as obras “Contos seletos das mil e uma noites” (Carlos Jansen) e “Contos da Carochinha” (Figueiredo Pimentel).
Mas foi Monteiro Lobato quem marcou mesmo a literatura infantil brasileira. Quem não conhece o “Sítio do Pica-pau Amarelo”, a boneca de pano Emília e o Visconde de Sabugosa, nobre personagem das histórias de Lobato que saiu de um sabugo de milho. Esses com certeza já entraram para a história!
Outros escritores que marcam presença em nosso país é Ziraldo e Ana Maria Machado. Veja suas obras:
Ziraldo: “O Menino Maluquinho”, “A bonequinha de pano”, “Este mundo é uma bola”, “Uma professora muito maluquinha”.
Ana Maria Machado: “A Grande Aventura de Maria Fumaça”, “A Velhinha Maluquete”, “O Natal de Manuel”.

 E agora os livros eletrônicos!
 Os livros eletrônicos, ou e-books, representam uma tecnologia que tende a crescer cada vez mais. Disponíveis para download, geralmente são gratuitos ou muito baratos. Há portais independentes ou subsidiados, como o Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp ) do Ministério da Educação, que já nos primeiros três meses de lançamento contava com 6,2 milhões de acessos.


Cuide bem de seus livros!

Algumas dicas para você cuidar de seus livros:
·         Não manuseie com as mãos sujas;
·         Não rabisque a capa ou as folhas;
·         Não rasque, nem arranque folhas;
·         Não apóie o cotovelo no livro;
·         Não coloque entre as páginas objetos mais espessos que o papel;
·         Não dobre o canto das folhas;
·         Não use saliva para virar as folhas;
·         Não coma, nem beba próximo aos livros.

Curiosidade: Dedicação as livros
Monteiro Lobato começou a escrever aos 14 anos, quando publicou sua primeira crônica para o jornal "O Guarani". Em 1919 criou sua primeira editora, a Monteiro Lobato & Cia. Sabendo da importância dos livros e da leitura, distribuiu lotes de livros, junto com uma carta, para as poucas livrarias que existiam no país, oferecendo o produto consignado e uma porcentagem nas vendas. Foi então que nasceu sua célebre frase "Um país se faz com homens e livros".

(Fonte: Guia dos Curiosos)




18 de abril — Dia Nacional do Livro Infantil e Dia de Monteiro Lobato



José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba. Estreou no mundo das Letras com pequenos contos para os jornais estudantis dos colégios Kennedy e Paulista.
No curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, dividiu-se entre suas principais paixões: escrever e desenhar. Colaborou em publicações dos alunos, vencendo um concurso literário, promovido em 1904 pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.
Morou na república do Minarete, liderou o grupo de colegas que formou o "Cenáculo" e mandou artigos para um jornalzinho de Pindamonhangaba, cujo título era o mesmo daquela república de estudantes.
Nessa fase de sua formação, Lobato realizou as leituras básicas e entrou em contato com a obra do filósofo alemão Nietzsche, cujo pensamento o guiaria vida afora.
Viveu um tempo como fazendeiro e foi editor de sucesso. Mas foi como escritor infantil que Lobato despertou para o mundo em 1917.
Escreveu, nesse período, sua primeira história infantil, "A menina do Narizinho Arrebitado". Com capa e desenhos de Voltolino, famoso ilustrador da época, o livrinho, lançado no natal de 1920, fez o maior sucesso. Dali nasceram outros episódios, tendo sempre como personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Anastácia e, é claro, Emília, a boneca mais esperta do planeta.
Insatisfeito com as traduções de livros europeus para crianças, ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperando costumes da roça e lendas do folclore nacional. E fez mais: misturou todos eles com elementos da literatura universal da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.
No Sítio do Picapau Amarelo, Peter Pan brinca com o Gato Félix, enquanto o Saci ensina truques a Chapeuzinho Vermelho no país das maravilhas de Alice. Mas Monteiro Lobato também fez questão de transmitir conhecimentos e ideias em livros que falam de história, geografia e matemática, tornando-se pioneiro na literatura paradidática - aquela em que se aprende brincando.
Trabalhando a todo vapor, Lobato teve que enfrentar uma série de obstáculos. Primeiro, foi a Revolução dos Tenentes que, em julho de 1924, paralisou as atividades da sua empresa durante dois meses, causando grande prejuízo. Seguiu-se uma inesperada seca, obrigando a um corte no fornecimento de energia. O maquinário gráfico só podia funcionar dois dias por semana.
E, numa brusca mudança na política econômica, Arthur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil. A conseqüência foi um enorme rombo financeiro e muitas dívidas. Só restou uma alternativa a Lobato: pedir a autofalência, apresentada em julho de 1925. O que não significou o fim de seu ambicioso projeto editorial, pois ele já se preparava para criar outra empresa.
Assim surgiu a Companhia Editora Nacional. Sua produção incluía livros de todos os gêneros, entre eles traduções de Hans Staden e Jean de Léry, viajantes europeus que andaram pelo Brasil no século XVI. Lobato recobrou o antigo prestígio, reimprimindo na empresa sua marca inconfundível: livros bem impressos, com projetos gráficos apurados e enorme sucesso de público.
Sofreu perseguições políticas na época da ditadura, porém conseguiu exílio político em Buenos Aires. Lobato estava em liberdade, mas enfrentava uma das fases mais difíceis da sua vida. Perdeu Edgar, o filho mais velho, e presenciou o processo de liquidação das companhias que fundou e, o que foi pior, sofreu com a censura e atmosfera asfixiante da ditadura de Getúlio Vargas.
Partiu para a Argentina, após se associar à Brasiliense e editar suas "Obras Completas", com mais de dez mil páginas, em trinta volumes das séries adulta e infantil. Regressou de Buenos Aires em maio de 1947 para encontrar o país às voltas com situações conflituosas do governo Dutra. Indignado, escreveu "Zé Brasil".
No livro, o velho "Jeca Tatu", preguiçoso incorrigível, que Lobato depois descobriu vítima da miséria, vira um trabalhador rural sem terra. Se antes o caipira lobatiano lutava contra doenças endêmicas, agora tinha no latifúndio e na distribuição injusta da propriedade rural seu pior inimigo. Os personagens prosseguiam na luta. Porém, seu criador já estava cansado de tantas batalhas. Monteiro Lobato sofreu dois espasmos cerebrais e, no dia 4 de julho de 1948, virou "gás inteligente" - o modo como costumava definir a morte.
Monteiro Lobato foi-se aos 66 anos de idade,
deixando uma imensa obra para crianças, jovens e adultos e o exemplo de quem passou a existência sob a marca do inconformismo.
Pesquisa no site www.lobato.com.br




SOBRE OS LIVROS
"Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O. Ele representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado.
É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e são capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém automaticamente em sua seqüência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade! Especialistas se dividem quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, fato que atrai críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.
Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima pagina. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, basta abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reiniciado, embora se torne inútil caso caia no mar, por exemplo.
O comando "broxe" permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na
última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total e permite que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. ,
sem necessidade de configuração. Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., através de anotações em suas margens. Para tanto, deve-se utilizar de um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S..
Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. é apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema disponibilizaram vários títulos e upgrades para a utilização na plataforma L.I.V.R.O."
Autor: Millôr Fernandes


FONTE:






sexta-feira, 17 de abril de 2015

IDEIAS CRIATIVAS PARA CANTINHO DE LEITURA E BIBLIOTECA

Olá pessoal!

Hoje tem ideias bastante criativas para  criar um lindo Cantinho de Leitura ou incrementar a Biblioteca da escola.

































































IMAGENS:

GOOGLE IMAGES




Um abração e até mais!

=)


quarta-feira, 15 de abril de 2015

A ARTE BARROCA

A arte barroca surgiu em meados do século XVIII, na Itália. A igreja católica adotou o formato artístico em suas construções e propagou a nova onda cultural por vários países do continente europeu. O movimento foi criado após o desenvolvimento do Renascimento e ambos seguiam uma ideologia semelhante, em que valorizavam elementos da antiguidade.
O mundo passava por diversas descobertas e reformas sociais e políticas. A religião católica estava perdendo muitos membros para os seguidores da ideologia de Martin Lutero, com o protestantismo. Estabelecia-se, então, a Monarquia: o país era comandado por um rei ou imperador.
As obras do movimento Barroco apresentam características fortes e vivas, o que mexe com o emocional do ser humano. Ao se deparar com as construções e/ou pinturas da arte barroca, é possível observar os detalhes e a proximidade que elas têm com os seres humanos. O sentimento nas obras, a beleza, eram características bem fortes.
O Barroco chegou ao continente americano, juntamente com os colonizadores europeus. Muitas das construções dos países da América são da arte barroca. O Brasil, por exemplo, possui algumas cidades onde ainda existem essas edificações, como é o caso de Ouro Preto, em Minas Gerais. No estado da Bahia, encontram-se enormes igrejas, dos séculos passados e a influência da arte barroca se faz presente.
Não apenas em grandes edificações é que o Barroco exerce influência, mas também em objetos de decoração como os móveis, por exemplo. Ainda hoje existem camas, cômodas e outros acessórios desenhados de acordo com esse tipo de arte. Era comum o uso deles nos palácios reais e um exemplo disso era o Palácio de Versalhes, onde residia o rei Luís XIV, da França.
A arte barroca marcou a história no campo da música. A partir desse movimento, surgiram os grandes mestres da música erudita, além do nascimento dos gêneros como a ópera, a suíte e os concertos. Também os movimentos do Barroco e do Rococó marcaram grande parte da Europa e revelou um dos maiores artistas da cultura brasileira, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Movimento Barroco

O movimento Barroco teve seu início na Itália, ao final do século XVI e início do século XVIII. A partir daí, se difundiu pelos países da Europa e chegou até as colônias, como, por exemplo, o Brasil. A palavra 'barroco', de origem portuguesa, significa uma pedra preciosa imperfeita, com os seus formatos irregulares. O Barroco é uma manifestação literária.
RomaO Renascimento, a onda artística que antecede o Barroco, serviu de grande influência para o novo movimento. Havia estourado uma crise por causa do desenvolvimento da política, da religião, da modernização da sociedade e seus valores, e, principalmente, do meio cultural. O conflito maior se dava entre a fé e a ciência, uma vez que a segunda ganhava mais espaço.
Uma das ideias do fenômeno do Barroco era de fazer a junção dos dois elementos, fé e ciência, o primeiro, resgatado pela Contrarreforma e o segundo se expandia com a modernidade. A partir disso, surgiu uma vertente encontrada no Barroco, que era o fusionismo. Esse segmento da arte barroca visava a mistura dos elementos presentes nas duas ideologias.
Nas pinturas era comum o ponto de vista medieval e os ideais renascentistas, ou seja, havia a mistura de luz e sombra nas pinturas; a literatura combinava os pensamentos racionais com os irracionais. A imagem das divindades ganhava formas humanas, na mistura entre o homem e Deus, a fé e a razão, os seres celestiais, nas pinturas, eram homens e mulheres.
No movimento Barroco, há uma valorização do contraste entre as coisas opostas, chamada de culto do contraste. Neles, os extremos são colocados em um mesmo lugar e mesma obra, como forma de aproximação dos extremos, como a junção do sagrado e do profano, a juventude e a velhice, os céus e a terra, pecado e o perdão, dentre outros.
O pessimismo também é outra característica encontrada na arte barroca, assim como o conflito entre o 'eu' e o mundo, em que os autores se sentiam divididos entre razão e fé. Na arte barroca, encontram-se alguns atributos que relatam o sofrimento do ser humano, com miséria e dor. O Apóstolo Pedro, sendo crucificado de cabeça para baixo, é um dos quadros da arte barroca.
A linguagem da literatura barroca é riquíssima. Os escritos são bastante trabalhados na tentativa de demonstrar tal riqueza que acompanha as pinturas e esculturas, através da leitura. Os escritores utilizam-se de várias figuras de linguagem como antíteses e paradoxos, que valorizam a aproximação dos opostos.
Ainda na linguagem do movimento barroco, existia outra forma de expressão, chamada de Conceptismo, o qual, funcionava de forma contrária ao rebuscamento linguístico e procurava atrair o leitor, de sorte a seduzi-lo. A construção era mais intelectualizada e não tinha características do cultismo. Os textos eram redigidos na forma de prosa.
No Brasil, o Barroco chega no século XVIII, com os colonos europeus, na mesma época em que permeavam as ideias iluministas e o pensamento racionalista e antropocêntrico. Nesse período, o Brasil tinha sua economia baseada no ouro branco - o açúcar. As lavouras se concentravam no nordeste brasileiro, de onde saíram os primeiros escritores do Barroco.
Antes da chegada ao Brasil, o Barroco teve, em Portugal, um dos maiores escritores dessa literatura. O Padre Antônio Vieira, que era contra o movimento cultista (utilizava a junção dos opostos por meio de figuras de linguagem), escreveu diversos sermões e dentre eles, o mais famoso, chamado de Sermão da Sexagésima.
O Barroco teve grandes influências na arquitetura de alguns dos países da Europa e da América Latina também. As construções não costumam seguir padrões geométricos, muito menos simétricos. As edificações barrocas são imensas e belíssimas, repletas de detalhes, além dos desenhos em curvas. Muitas delas servem de referências religiosas e recebem milhares de devotos, como é o caso da Catedral de Santiago de Compostela, na Galícia, Espanha.
A Catedral, construída por volta de 1765, é um exemplo do movimento da arte barroca no território espanhol. Essa edificação é o término de uma caminhada de cerca de 700 quilômetros, os quais o escritor brasileiro, Paulo Coelho, dedicou um livro, chamado de 'O Diário de um Mago', onde conta tal experiência.
Além da Catedral de Santiago de Compostela, existem outras construções no formato da arte barroca. O Brasil conta com uma gama de templos dessa época da Literatura. A Igreja de São Francisco, em João Pessoa, Paraíba; a também Igreja de S. Francisco, em Salvador, Bahia e a Matriz de Santo Antônio, em Recife. Sem contar com os palácios construídos no Rio de Janeiro, no período colonial.



 

A HISTÓRIA DE JECA TATUZINHO (MONTEIRO LOBATO)

Jeca Tatuzinho
Capa de Jeca Tatuzinho ilustrada por Kurt Wiese (clique para ampliar)
Lançado em 1924, o livro Jeca Tatuzinho veio ensinar noções de higiene e saneamento às crianças, por meio do personagem-símbolo criado por Monteiro Lobato. Oferecido anteriormente (1920) a seu amigo Cândido Fontoura para promoção dos produtos do laboratório Fontoura Serpe & Cia, em especial do Biotônico, chegaria a 100 milhões de exemplares no centenário de nascimento do escritor. Considerada a peça publicitária de maior sucesso na história da propaganda brasileira, inspiraria, naquele ano de 1982, a criação do Prêmio Jeca Tatu. Instituído pela agência CBBA - Castelo Branco e Associados, representou uma homenagem "à obra-prima da comunicação persuasiva de caráter educativo, plenamente enquadrada na missão social agregada ao marketing e à propaganda". O folheto do Biotônico Fontoura, cujo texto aqui reproduzimos, foi ilustrado em suas primeiras edições por Kurt Wiese e Belmonte e, em seguida, por J. U. Campos.

I
Ilustração de Kurt Wiese (clique para ampliar)
Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de sapé. Vivia na maior pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia, e de vários filhinhos pálidos e tristes. Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto corria um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo. Dava pena ver a miséria do casebre. Nem móveis, nem roupas, nem nada que significasse comodidade. Um banquinho de três pernas, umas peneiras furadas, a espingardinha de carregar pela boca, muito ordinária, e só. Todos que passavam por ali, murmuravam: - Que grandessíssimo preguiçoso!
II
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Jeca Tatu era tão fraco que, quando ia lenhar, vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso. - Por que não traz de uma vez um feixe grande? perguntaram-lhe um dia. Jeca Tatu cortou a barbicha rala e respondeu: - Não paga a pena. Tudo para ele não pagava a pena. Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar árvores de fruta, nem remendar a roupa. Só pagava a pena beber pinga. - Por que você bebe, Jeca? diziam-lhe. - Bebo para esquecer. - Esquecer do quê? - Esquecer as desgraças da vida. E os passantes murmuravam: - Além de vadio, bêbado ...
III
Ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos. Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo. Brinquinho vivia cheio de bernes no lombo e muito sofria com isso. Pois apesar dos ganidos do cachorro, Jeca não se lembrava de lhe tirar os bernes. Por que? Desânimo, preguiça... As pessoas que viam aquilo, franziam o nariz. - Que criatura imprestável! Não serve nem para tirar berne de cachorro...
IV
Ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Jeca só queria beber pinga e espichar-se ao sol, no terreiro. Ali ficava horas, com o cachorrinho rente, cochilando. A vida que rodasse, o mato que crescesse na roça, a casa que caísse. Jeca não queria saber de nada. Trabalhar não era com ele. Perto morava um italiano já bastante arranjado, mas que ainda assim trabalhava o dia inteiro. Por que Jeca não fazia o mesmo? Quando lhe perguntavam isso, ele dizia: - Não paga a pena plantar. A formiga come tudo. - Mas como é que seu vizinho italiano não tem formiga no sítio? - É que ele mata. E por que você não faz o mesmo? Jeca coçava a cabeça, cuspia por entre os dentes e vinha sempre com a mesma história: - Quá! Não paga a pena ... - Além de preguiçoso, bêbado; e além de bêbado, idiota, era o que todos diziam.
V
Ilustração de Kurt Wiese (clique para ampliar)
Um dia um doutor portou lá por causa da chuva e espantou-se de tanta miséria. Vendo o caboclo tão amarelo e magro, resolveu examiná-lo. - Amigo Jeca, o que você tem é doença. - Pode ser. Sinto uma canseira sem fim, e dor de cabeça, e uma pontada aqui no peito, que responde na cacunda. - Isso mesmo. Você sofre de ancilostomíase. - Anci... o que? - Sofre de amarelão, entende? Uma doença que muitos confundem com a maleita. - Essa tal maleita não é sezão? - Isso mesmo. Maleita, sezão, febre palustre ou febre intermitente: tudo a mesma coisa. A sezão também produz anemia, moleza e esse desânimo do amarelão; mas é diferente. Conhece-se a maleita pelo arrepio ou calafrio que dá, pois é uma febre que vem sempre em horas certas e com muito suor. Quem sofre de sezão sara com o MALEITOSAN FONTOURA. Quem sofre de amarelão sara com a ANKILOSTOMINA FONTOURA. Eu vou curar você.
VI
Anúncio do Akilostomina Fontoura (clique para ampliar)
O doutor receitou um vidro de ANKILOSTOMINA FONTOURA, para tomar assim: seis comprimidos hoje pela manhã e outros seis amanhã de manhã. - Faça isto duas vezes, com o espaço de uma semana. E de cada vez tome também um purgante de sal amargo, se duas horas depois de ter ingerido a ANKILOSTOMINA não tiver evacuado. E trate de comprar um par de botinas e alguns vidros de BIOTÔNICO e nunca mais me ande descalço e nem beba pinga, ouviu? - Ouvi, sim, senhor! - Pois é isso, rematou o doutor, tomando o chapéu. A chuva já passou e vou-me embora. Faça o que mandei, que ficará forte, rijo e rico como o italiano. Na semana que vem estarei aqui de volta. - Até por lá, sêo doutor! Jeca ficou cismando. Não acreditava muito nas palavras da Ciência, mas por fim resolveu comprar os remédios, e também um par de botinas ringideiras. Nos primeiros dias foi um horror. Ele andava pisando em ovos. Mas acostumou-se, afinal...
VII
Anúncio do Biotônico Fontoura (clique para ampliar)
Quando o doutor voltou, Jeca estava bem melhor, graças à ANKILOSTOMINA e ao BIOTÔNICO. O doutor mostrou-lhe com uma lente o que tinha saído das suas tripas: - Veja, sêo Jeca, que bicharia tremenda estava você a criar na barriga! São os tais ancilóstomos, uns bichinhos dos lugares úmidos, que entram pelos pés, vão varando pela carne adentro até alcançarem os intestinos. Chegando lá, grudam-se nas tripas e escangalham com o freguês. Tomando a ANKILOSTOMINA, você bota fora todos os ancilóstomos que tem no corpo. E andando sempre calçado, não deixa que entrem os que estão na terra. Fazendo isso e fortalecendo-se com alguns vidros de BIOTÔNICO, ovos e leite, você fica livre da doença para sempre. Jeca abriu a boca, maravilhado. - Os anjos digam amém, sêo doutor!
VIII
Ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Mas Jeca não podia acreditar numa coisa: que os bichinhos entrassem pelo pé. Ele era "positivo" e dos tais que "só vendo". O doutor resolveu abrir-lhe os olhos: Levou-o a um lugar úmido, atrás de casa, e disse: - Tire a botina e ande um pouco por aí. Jeca obedeceu. - Agora venha cá. Sente-se. Bote o pé em cima do joelho. Assim. Agora examine a pele com essa lente. Jeca tomou a lente, olhou e percebeu vários vermes pequeninos que já estavam penetrando na sua pele, através dos poros. O pobre homem arregalou os olhos, assombrado. - E não é que é mesmo? Quem "haverá" de dizer!... - Pois é isso, sêo Jeca, e daqui por diante não duvide mais do que disser a Ciência. - Nunca mais! Daqui por diante dona Ciência está dizendo, Jeca está jurando em cima! T'esconjuro! E pinga, então, nem para remédio...
IX
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Tudo o que o doutor disse aconteceu direitinho! Três meses depois ninguém mais conhecia o Jeca. A ANKILOSTOMINA curou-o do Amarelão. O BIOTÔNICO deixou-o bonito, corado, forte como um touro. A preguiça desapareceu. Quando ele agarrava no machado, as árvores tremiam de pavor. Era pã, pã, pã... horas seguidas, e os maiores paus não tinham remédio senão cair. E Jeca, cheio de coragem, botou abaixo o capoeirão, para fazer uma roça de três alqueires. E plantou eucaliptos nas terras que não se prestavam para cultura. E consertou todos os buracos da casa. E fez um chiqueiro para os porcos. E um galinheiro para as aves. O homem não parava, vivia a trabalhar com fúria que espantou até o seu vizinho italiano. - Descanse um pouco, homem! Assim você arrebenta... diziam os passantes. - Quero ganhar o tempo perdido, respondia ele, sem largar do machado. Quero tirar a prosa do "italiano".
X
Ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Jeca, que era um medroso, virou valente. Não tinha mais medo de nada, nem de onça! Uma vez, ao entrar no mato, ouviu um miado estranho. - Onça! Exclamou ele. É onça e eu aqui sem uma faca!... Mas não perdeu a coragem. Esperou a onça, de pé firme. Quando a fera o atacou, ele ferrou-lhe tamanho murro na cara que a bicha rolou no chão, tonta. Jeca avançou de novo, agarrou-a pelo pescoço e estrangulou-a. - Conheceu, papuda? Você pensa que está lidando com algum pinguço opilado? Fique sabendo que tomei ANKILOSTOMINA e BIOTÔNICO e uso botina ringideira!... A companheira da onça, ao ouvir essas palavras, não quis saber de histórias - azulou! Dizem que até hoje está correndo...
XI
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Ele, que antigamente, quando lenhava, só trazia três pausinhos, carregava agora cada feixe que metia medo. E carregava-os sorrindo, como se o enorme peso não passasse de brincadeira. - Amigo Jeca, você arrebenta! diziam-lhe. Onde se viu carregar tanto pau de uma vez? - Já não sou aquele de dantes! Isto para mim agora é canja... respondia o caboclo, sorrindo. Quando teve de aumentar a casa, foi a mesma coisa. Derrubou no mato grossas perobas, atorou-as, lavrou-as e trouxe no muque para o terreiro as toras todas. Sozinho! - Quero mostrar a essa paulama quanto vale um homem que tomou ANKILOSTOMINA e BIOTÔNICO, que usa botina cantadeira e que não bebe nem um só martelinho de cachaça! O italiano via aquilo e coçava a cabeça. - Se eu não tropicar direito, este diabo me passa na frente. Per Bacco!
XII
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Dava gosto ver suas roças. Comprou arados e bois, e não plantava nada sem primeiro afofar a terra. O resultado foi que os milhos vinham lindos e o feijão era uma beleza. O italiano abria a boca, admirado, e confessava nunca ter visto roças assim. E Jeca já não plantava rocinhas, como antigamente. Só queria saber de roças grandes, cada vez maiores, que fizessem inveja no bairro. E se alguém lhe perguntava: - Mas para que tanta roça, homem? ele respondia: - É que agora quero ficar rico. Não me contento com trabalhar para viver. Quero cultivar todas as minhas terras, e depois formar aqui duas enormes fazendas - a Fazenda Ankilostomina e Fazenda Biotônico. E hei de ser até coronel... E ninguém duvidava mais. O italiano dizia: - E forma mesmo! E vira mesmo coronel! Per la Madonna!...
XIII
Ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Por esse tempo, o doutor passou por lá e ficou admiradíssimo com a transformação de seu doente. Esperara que ele sarasse, mas não contara com tal mudança. Jeca o recebeu de braços abertos e apresentou-o à mulher e aos filhos. Os meninos cresciam viçosos, e viviam brincando, contentes como os passarinhos. E toda gente ali andava calçada. O caboclo ficara com tanta fé no calçado, que metera botinas até nos animais caseiros! Galinhas, patos, porcos, tudo de sapatinho nos pés! O galo, esse andava de bota e espora! - Isso também é demais, sêo Jeca, disse o doutor. Isso é contra a natureza! - Bem sei. Mas quero dar um exemplo a esta caipirada bronca. Eles vêm aqui, vêem isso e não se esquecem mais da história.
XIV
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Em pouco tempo os resultados foram maravilhosos. A porcada aumentou de tal modo, que vinha gente de longe admirar aquilo. Jeca adquiriu um caminhão, e em vez de conduzir os porcos ao mercado pelo sistema antigo, levava-os de auto, num instantinho, buzinando pela estrada afora, fon-fon! Fon-fon! ... As estradas eram péssimas; mas ele consertou-as à sua custa. Jeca parecia um doido. Só pensava em melhoramentos, progressos, coisas americanas. Aprendeu logo a ler, encheu a casa de livros e por fim tomou um professor de inglês. - Quero falar a língua dos bifes para ir aos Estados Unidos ver como é lá a coisa. O seu professor dizia: - O Jeca só fala inglês agora. Não diz porco; é pig. Não diz galinha; é hen... Mas de álcool, nada. Antes quer ver o demônio, que um copinho da "branca"...
XV
Ilustração de Belmont (clique para ampliar)
Jeca só fumava charutos fabricados especialmente para ele, e só corria as roças montado em cavalos árabes de puro sangue. - Quem o viu e quem o vê! Nem parece o mesmo. Está um "estranja" legítimo, até na fala. Na "Fazenda Biotônico" havia de tudo. Campos de alfafa. Pomares belíssimos com quanta fruta há no mundo. Até criação do bicho-da-seda; Jeca formou um amoreiral que não tinha fim. - Quero que tudo aqui ande na seda, mas seda fabricada em casa. Até os sacos aqui da fazenda tem que ser de seda, para moer os invejosos... E ninguém duvidava de nada. - O homem é mágico, diziam os vizinhos. Quando assenta de fazer uma coisa, faz mesmo, nem que seja um despropósito...
XVI
Ilustração de Belmont (clique para ampliar)
A "Fazenda Biotônico" tornou-se famosa no país inteiro. Tudo ali era por meio do rádio e da eletricidade. Jeca, de dentro do seu escritório, tocava num botão e o cocho do chiqueiro se enchia automaticamente de rações muito bem dosadas. Tocava outro botão e um repuxo de milho atraía todo o galinhame!... Suas roças eram ligadas por telefones. Da cadeira de balanço na varanda, ele dava ordens aos feitores, lá longe. Chegou a mandar buscar nos Estados Unidos um aparelho de televisão. - Quero aqui desta varanda ver tudo o que se passa em minha fazenda. E tanto fez, que viu. Jeca instalou os aparelhos, e assim pôde, da sua varanda, com o charutão na boca, não só falar por meio do rádio para qualquer ponto da fazenda, como ainda ver, por meio da televisão, o que os camaradas estavam fazendo.
XVII
Ilustração de J. U. Campos (clique para ampliar)
Ficou rico e estimado, como era natural; mas não parou aí. Resolveu ensinar o caminho da saúde aos caipiras das redondezas. Para isso montou na fazenda e vilas próximas vários POSTOS DE MALEITOSAN, onde tratava os enfermos de sezões; e também POSTOS DE ANKILOSTOMINA, onde curava os doentes de amarelão e outras verminoses. E quando algum empregado sentia alguma dor de cabeça, se estava resfriado, Jeca arrumava-lhe uns dois ou três comprimidos de Fontol, e imediatamente o homem estava bom, e pronto para o serviço. O seu entusiasmo era enorme. "Hei de empregar tôda minha fortuna nesta obra de saúde geral, dizia. Meu patriotismo é este. Minha divisa: Curar gente. Abaixo a bicharia! Viva o Biotônico! Viva ANKILOSTOMINA! Viva o Maleitosan! Viva o Fontol!" A estes vivas o coronel Jeca aumentou mais um. Foi quando apareceu o grande "liquida-insetos" chamado DETEFON e ele o experimentou na miuçalha da fazenda: pulgas, percevejos, piolhos, baratas, pernilongos e moscas. Deixou aquilo lá sem um só bichinho para remédio. Não contente com isso, Jeca tomou o hábito de nunca sair a cavalo ou de automóvel sem levar a tiracolo a bomba de pulverizar o DETEFON. Entrava nos casebres de beira de caminho e antes do "Bom dia!" punha-se fon, fon, fon, detefon, a pulverizar tudo, coisas e gentes. Quando acaba, dizia: - Ninguém faz a conta dos males que estes bichinhos causam à humanidade, como transmissores de moléstias... e dava mais umas bombadas de lambuja. E a curar gente da roça passou Jeca toda a sua vida. Quando morreu, aos 89 anos, não teve estátua ou grandes elogios nos jornais. Mas ninguém ainda morreu de consciência mais tranqüila. Havia cumprido o seu dever até o fim.
XVIII
Jeca Tatu, ilustração de Belmonte (clique para ampliar)
Capa do Almanaque Jeca Tatuzinho (clique para ampliar)
Meninos: nunca se esqueçam desta história; e, quando crescerem, tratem de imitar o Jeca. Se forem fazendeiros, procurem curar os camaradas. Além de ser para eles um grande benefício, é para você um alto negócio. Você verá o trabalho dessa gente produzir três vezes mais. Uma país não vale pelo tamanho, nem pela quantidade de habitantes. Vale pelo trabalho que realiza e pela qualidade da sua gente. Ora, ter mais saúde é a grande qualidade de um povo. Tudo mais vem daí. E o grande remédio que combate o amarelão, esse mal terrível que tantos braços preciosos rouba ao trabalho, é a ANKILOSTOMINA. Assim como o grande conservador da saúde, que produz energia, força e vigor, chama-se BIOTÔNICO FONTOURA.