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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

CÂMARA CASCUDO (BIOGRAFIA)


Escritor e folclorista, nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro 1898 e faleceu na mesma cidade, em 30 de julho de 1986. É um dos mais importantes pesquisadores das raízes étnicas do Brasil.
Aos seis anos já sabia ler. Estudou Latim durante três anos com o mestre João Tibúrcio. Em 1922, aprendeu a ler inglês, para acompanhar os viajantes pela África e Ásia. É dele a tradução comentada do livro Travels in Brazil, de Henry Koster, viajante inglês, obra das mais valiosas para o conhecimento e interpretação do Brasil, no início do século XIX.
Na sua juventude morou na chácara Vila Cascudo, no bairro Tirol, onde havia reuniões literárias.
Estudou no Atheneu Norte Riograndense e cursou Medicina nas Faculdades de Medicina da Bahia, em Salvador, e do Rio de Janeiro, até o 4º ano.
Em 1928, formou-se pela Faculdade de Direito do Recife e concluiu também, no mesmo ano, o curso de Etnografia, na Faculdade de Filosofia, do Rio Grande do Norte.
Foi pai de dois filhos: Fernando Luís e Anna Maria, frutos do casamento com Dhália Freire, realizado em 21 de abril de 1929.
Sua trajetória profissional teve início como jornalista do periódico A Imprensa, de propriedade de seu pai, o coronel Francisco Cascudo. N’A Imprensa, em 18 de outubro de 1918, publicou sua primeira crônica, O Tempo e Eu, na coluna intitulada Bric-a-Brac. Foi colaborador de vários jornais de Natal e de algumas cidades do País. Manteve, inclusive, seções diárias nos periódicos A República e Diário de Natal, no período de 1939 a 1952 e de 1959 a 1960.
Em 1920, na antologia poética de Lourival Açucena, Versos Reunidos, escreveu a introdução e as notas.
Publicou seu primeiro livro aos vinte e três anos de idade, Alma Patrícia(1921), um estudo crítico e biobibliográfico de 18 escritores e poetas norte-rio-grandenses ou radicados no Estado.
Foi professor de Direito Internacional Público, na Faculdade de Direito do Recife e de Etnologia Geral, na Faculdade de Filosofia, em Natal.
Escreveu sobre os mais variados assuntos. Sua especialização foi na etnografia e no folclore, mas sua predileção era pelas áreas de história, geografia e biografia, especialmente do Rio Grande do Norte.
É considerado o Papa do folclore brasileiro. Publicou, entre outros, as seguintes obras:
Alma patrícia (1921); Joio: página de literatura e crítica (1924); Conde D´Eu (1933); Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará (1939); Antologia do folclore brasileiro (1943); Geografia dos mitos brasileiros (1947); Os holandeses no Rio Grande do Norte (1949); Meleágro: depoimento e pesquisa sobre a magia branca no Brasil (1951); Dicionário do folclore brasileiro (1954); História do Rio Grande do Norte (1955); Geografia do Brasil holandês (1956); Jangadas: uma pesquisa etnográfica (1957); Rede de dormir (1959); A cozinha africana no Brasil (1964); Made in Africa: pesquisa e notas (1965); História da República no Rio Grande do Norte (1965); Prelúdio da cachaça (1968); História da alimentação no Brasil (1967-1968); Ensaios de etnografia brasileira (1971);Sociologia da açúcar: pesquisa e dedução (1971); A vaquejada nordestina e suas origens (1974); Antologia da alimentação no Brasil (1977).
 Recife, 18 de julho de 2003.
(Texto atualizado em 27 de fevereiro de 2009).


FONTES CONSULTADAS:

COSTA, Américo de Oliveira. Viagem ao universo e Câmara Cascudo. Natal: Fundação José Augusto, 1969.

MAMEDE, Zila. Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual, 1918-1968: bibliografia anotada. Natal: Fundação José Augusto, 1970. v.1, pt. 1.

MEMORIAL Câmara Cascudo. Natal, [198_]. Folder.


SOUTO MAIOR, Mário. Dicionário de folcloristas brasileiros. Recife: 10-10 Comunicação e Editora, 1999. p.116-117.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A POETISA POTIGUAR AUTA DE SOUZA









AUTA DE SOUZA
(1876 — 1901)


Nasceu em Macaíba, em 12 de setembro de 1876, na rua do Comércio. A cidade era o principal centro político do Rio Grande do Norte naquela época. Órfã de pai e mãe já com pouca idade, cresceu em internato. Tuberculosa desde os quatorze anos, terminou seus estudos antes de retirar-se para o sertão, buscando melhores ares. Em 7 de fevereiro de 1901, sobrevém a morte, em Natal.

Por volta de 1882, informa Ana Laudelina Ferreira Gomes, professora do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, que “Auta foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo, no Recife. Colégio católico orientado pela congregação francesa vicentina, que recebia tanto filhas de famílias ilustres da sociedade pernambucana, como meninas órfãs. Não há registros sobre a condição em que Auta de Souza teria estudado lá. A educação que a menina recebeu nesse Colégio tem sido constantemente aludida por comentadores seus como um aspecto especialmente enaltecedor em sua formação intelectual. ”.

O autor do perfil de Auta de Souza publicado na página virtual de sua cidade natal diz que a poesia lírica desta autora se deve à paixão por um jovem promotor paraibano. O romance teria sido vetado pelos irmãos mais velhos, preocupados com os reflexos destas emoções sobre a sua saúde. O rapaz foi transferido da região e em seguida faleceu. Mais um para o álbum mortuário de Auta de Souza, já que a doença e o falecimento de muitos parentes e amigos deram à sua poesia a tônica da morte. Nos intervalos de saúde, Auta colaborou em diversos jornais e revistas do Nordeste e até do sul do país. Há registro de poemas seus em várias publicações femininas, como: A Mensageira de São Paulo, O Lírio de Recife, etc. Em Natal, há colaboração sua em quase toda imprensa da época; Revista Oásis, Revista do Rio Grande do Norte, Jornais S Tribuna e Oito de Setembro etc.

BibliografiaHorto, primeira edição em 1900, Tipografia d’ República, Biblioteca do Grêmio Polimático, Natal, com prefácio de Olavo Bilac; segunda edição, ampliada, Aillaud Alves Cia, Paris, 1910; terceira edição em 1936, Tipografia Batista de Souza, Rio de Janeiro, com prefácio de Alceu Amoroso Lima; 4ª edição, Fundação José Augusto, Natal, 1970; 5ª edição, Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza/Editora Auta de Souza, Taguatinga/DF, 2000.

Página preparada por Salomão de Sousa.


TEXTOS EM PORTUGUÊS  /  TEXTOS EN ESPAÑOL


CAMINHO DO SERTÃO

A meu irmão João Cancio

Tão longe a casa!... Nem siquer alcanço
Vêl-a, atravéz da matta. Nos caminhos,
A sombra desce... E, sem achar descanço,
Vamos, nós dois, meu pobre irmão, sosinhos!

E' noite, já! Como, em feliz remanso,
Dormem as aves nos pequenos ninhos...
Vamos mais devagar... de manso e manso,
Para não assustar os passarinhos.

Brilham estrellas... Todo o céo parece
Rezar de joelhos a chorosa prece,
Que a Noite ensina ao desespero e à dôr...

Ao longe, a Lua vem dourando a treva,
Thuribulo immenso, para Deus eleva
O incenso agreste da jurema em flor.  


HORTO

 “ Oro de joelhos, Senhor, na terra
Purificada pelo teu pranto ...
Minh’alma triste que a dor aterra
Beija os teus passos, Cordeiro Santo! 

Eu tenho medo de tanto horror ... 
Reza comigo, doce Senhor! 
Que noite negra, cheia de sombras. 
Não foi a noite que aqui passaste? 

Ó noite imensa ... porque me assombras.
Tu que nas trevas me sepultaste? 
Jesus amado, reza comigo ... 
Afasta a noite, divino amigo! ” 

Eu disse ... e as sombras se dissiparam. 
Jesus descia sobre o meu Horto ...
Estrelas lindas no céu brilharam,
Voltou-me o riso, já quase morto. 

E a sua boca falou tão doce, 
Como se a corda de um’harpa fosse: 
“Filha adorava que o teu gemido  
Ergueste n’asa de uma oração, 

Na treva escura sempre envolvido,
Por que soluça teu coração? 
Levanta os olhos para o meu rosto,  
Que a vista d’ele foge o desgosto.
  
Não tenhas medo do sofrimento,  
Ele é a escada do paraíso ...
Contempla os astros do firmamento,
Doces reflexos de meu sorriso. 

Não pensa em dores nem canta magoas,  
A garça nívea fitando as águas. 
Sigo-te os passos por toda parte,  
Vivo contigo como um irmão. 

Acaso posso desamparar-te
quando me trazes no coração? 
Nas oliveiras nos mesmos Horto, 
Enquanto orares, terás conforto. 

Olha as estrelas ... no céu escuro 
Parecem sonhos amortalhados ... 
Assim, nas trevas do mundo impuro,  
Brilham as almas dos desolados. 

Mesmo das noites a mais sombria  
Sempre conduz-nos á luz do dia.” 
Ergui os olhos para o céu lindo: 
Vi-o boiando num mar de luz ...
 
E, então, minh’alma, n’um gozo infindo,
Chorando e rindo, disse a Jesus: 
“Guia o meu passo, nos bons caminhos, 
Na longa estrada cheia de espinhos.

Dá-me nas noites, negras de dores, 
Uma cruz santa para adorar,
E em dias claros, cheios de flores,
Uma criança para beijar.

Junta os meus sonhos, no azul dispersos, 
Desce os teus olhos sobre os meus versos ...    
E vós, amigos tão carinhosos, 
Irmãos queridos que me adorais 

E nos espinhos tão dolorosos
De minha estrada também pisais ... 
Velai comigo. longe da luz, 
Que já levantam a minha cruz. 

A hora triste já vem chegando
De nossa longa separação ...
Que lança aguda vai traspassando
De lado a lado meu coração! 

Não adormeçam, meus bem amados, 
Já vejo os cravos ensangüentados. 
Longe, bem longe, naquele monte, 
Não brilha um astro de luz divina ? 

É o diadema da minha fronte,
É a esperança que me ilumina! 
A cruz bendita, que aterra o vício, 
Fogueira ardente do sacrifício. 

Adeus, da vida sagrados laços ... 
Adeus, ó lírios de meu sacrário!
A cruz, no monte, mostra-me os braços ...
Eu vou subindo para o calvário. 

Ficai no vale, pobres irmãos, 
Da. vovozinha beijando as mãos. 
E, se ela, inquieta, com a voz tremente, 
Ouvindo as aves pela manhã, 

Interrogar-vos ansiosamente:
“Que é do sorriso de vossa irmã?” 
Dizei, alegres: foi passear ... 
Foi colher flores para o altar.” 

E, quando a tarde vier deixando 
Nos lábios todos saudosos ais,
E a pobre santa falar chorando:
“A minha neta não volta mais?”

Dizei, sem prantos: “A tarde é linda ... 
Anda nos campos, brincando ainda.” 
Livrai su’alma do frio açoite 
Das  ventanias que traz o inverno ...
 
Cerrai-lhe os olhos na grande noite,
Na noite imensa do sono eterno. 
Anjo da guarda, de rosto ameno, 
Mostra-me o trilho do Nazareno ...
..................................................
E ... adeus, ó lírios, do meu sacrário,
Que eu vou subindo para o calvário!



NEVER MORE
                                                 A uma falsa amiga
I
Não te perdôo, não, meu tristes olhos
Não mais hei de fitar nos teus, sorrindo:
Jamais minh’alma sobre um mar de escolhos
Há de chamar por ti no anseio infindo.
 
Jamais, jamais, nos delicados folhos
Do coração como n’um ramo lindo,
Há de cantar teu nome entre os abrolhos
A ária gentil de meu sonhar já findo.
 
Não te perdôo, não! E em tardes claras,
Cheias de sonhos e delícias raras,
Quando eu passar à hora do Sol posto:
 
Não rias para mim que sofro e penso,
Deixa-me só neste deserto imenso...
Ah! se eu pudesse nunca ver teu rosto!
 
II
 
Ah! se eu pudesse nunca ver teu rosto!
E nem sequer o som de tua fala
Ouvir de manso à hora do Sol posto
Quando a Tristeza já do Céu resvala!

Talvez assim o fúnebre desgosto
Que eternamente a alma me avassala
Se transformasse n’um luar de Agosto,
Sonho perene que a Ventura embala.
 
Talvez o riso me voltasse à boca
E se extinguisse essa amargura louca
De tanta dor que a minha vida junca...
 
E, então, os dias de prazer voltassem
E nunca mais os olhos meus chorassem...
Ah! se eu pudesse nunca ver-te, nunca!


NOITES AMADAS
 
Ó noites claras de lua cheia!
Em vosso seio, noites chorosas,
Minh’alma canta como a sereia,
Vive cantando n’um mar de rosas;
 
Noites queridas que Deus prateia
Com a luz dos sonhos das nebulosas,
Ó noites claras de lua cheia,
Como eu vos amo, noites formosas!
 
Vós sois um rio de luz sagrada
Onde, sonhando, passa embalada
Minha Esperança de mágoas nua...
 
Ó noites claras de lua plena
Que encheis a terra de paz serena,
Como eu vos amo, noites de lua!

Macaíba - Agosto de 1898.


CLARISSE
 
“Não sei o que é tristeza,” ela me disse...
E a sua boca virginal sorria:
Ninho de estrelas, concha de ambrosia
Cheia de rosas que do Céu caísse!
 
E eu docemente murmurei: Clarisse,
Será possível que tu’alma fria
Ouvindo o choro da Melancolia
O ressábio do fel nunca sentisse?
 
Será possível que o teu seio, rosa,
Nunca embalasse a lágrima formosa?
Ah! não és rosa, pois não tens espinho!
 
E os olhos teus, dois templos de esperança,
Nunca viram sofrer uma criança,
Nunca viram morrer um passarinho!


SAUDADE
                       
A ela, a Eugênia, a doce criatura que me
                        chama irmã
.
 
Ah! se soubesse quanto sofro e quanto
Longe de ti meu coração padece!
Ah! se soubesses como dói o pranto
Que eternamente de meus olhos desce!
 
Ah! se soubesses!... Não perguntarias
De onde é que vem esta sombria mágoa
Que traz-me o peito cheio de agonias
E os tristes olhos arrasados d’água!
 
Querem que a lira de meus versos cante
Mais esperança e menos amargura,
Que fale em noites de luar errante
E não invoque a pobre noite escura.
 
Mas... como posso eu levar sonhando
A vida inteira n’um anseio infindo,
Se choro mesmo quando estou cantando
Se choro mesmo quando estou sorrindo!
 
Ouve, ó formosa e doce e imaculada,
Visão gentil de eterna fantasia:
Minh’alma é uma saudade desfolhada
De mãe querida sobre a cova fria.
 
Ah! minha mãe! Pois tu não sabes, santa,
Que Ela partiu e me deixou no berço?
Desde esse dia a minha lira canta
Toda a saudade que lhe inspira o verso!
 
Depois que Ela se foi a Mágoa veio
Encher-me o coração de luto e abrolhos.
Eu sofro tanto longe de seu seio,
Eu sofro tanto longe de seus olhos!
 
Ó minha Eugênia! Estrela abençoada
Que iluminas o horror deste deserto...
De teu afeto a chama consagrada
Lança à minh’alma como um pálio aberto.
 
Quando beijares teus filhinhos, pensa
O que seria d’eles sem teus beijos;
E, então, compreenderás a dor imensa,
A amargura cruel destes harpejos!
 
Junta as mãozinhas dos pequenos lírios,
Das criancinhas que tu’alma adora,
E ensina-os a rezar sobre os martírios
E a saudade infinita de quem chora.


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TEXTOS EN ESPAÑOL

TRADUCCIÓN Y NOTA INTRODUCTORIA DE
ADOVALDO FERNANDES SAMPAIO

DE CAMINO PARA EL SERTÓN

¡Tan lejana la casa! Ni alcanzo a verla
Ya a través del bosque. En los caminos
Desciende la sombra; y sin hallar descanso
Vamos nosotros dos, pobre Hermano, tan solos.

Ya es noche. Como en feliz remanso,
Duermen las aves em sus pequeños nidos...
Caminemos despacio, paso a paso,
Para no asustar a los pajarillos.

Brillan las estrellas. Todo el cielo parece
Que reza de rodillas una triste oración,
Por que la noche enseña dolor y desconsuelo...

A los lejos, la Luns viene dorando las tinieblas...
Un inmenso incensario eleva a Dios
El agreste incenso del tomillo en flor.



Extraído de la obra
VOCES FEMENINAS DE LA POESÍA BRASILEÑA
Goiânia: Editora Oriente, s.d.





FONTE; http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grande_norte/auta_de_souza.html






terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A POETISA ZILA MAMEDE...



"É o chão onde nasci, e eu gostaria que ela (Nova Palmeira) fosse no Rio Grande do Norte, porque me sinto tão norte-riograndense, que tenho susto quando olho a minha carteira de identidade. Nisso não há nenhum preconceito contra a Paraíba. Apenas fui transplantada muito pequena, a tempo de me sentir enraizada no Rio Grande do Norte. Daí porque eu digo que gostaria que Nova Palmeira, a vila fundada pelo meu avô e pelo meu padrinho de batismo, fosse no Rio Grande do Norte. Era uma fazenda, uma vila, hoje é mais um município brasileiro, mas não é como município, e sim, como sítio do meu avô que permanece na minha geografia sentimental".
Zila nasceu em 1928, em Nova Palmeira, Paraíba, onde viveu "até cinco ou seis anos de idade" indo ao roçado do avô "comer melancia, tomate, cereja, um tomate pequeno que brotava no mato". A família de seu pai era de Caicó, Rio Grande do Norte; o avô materno, de Jardim do Seridó, também no Rio Grande do Norte. "Por coincidência, todos foram morar em Picuí, Nova Palmeira e Pedra Lavrada". As famílias se encontraram em Nova Palmeira, onde ela nasceu.
Ainda pequena, muda com a família para Currais Novos (RN), onde o pai monta uma máquina beneficiadora de algodão. Menina do sertão, o mar viria a ser uma forte presença em sua poesia. A primeira vez que o viu foi por volta dos doze ou treze anos, aquela coisa "balançando de um lado para o outro, uma coisa que eu jamais havia visto":
"- Meu pai, isso é o mar? 
Ele disse: 
Não. Isso é um canavial".
Estavam em um Ford 39, a caminho de Recife, onde ela finalmente veria o mar.
Em dezembro de 1942, em plena Guerra, vai para a capital, Natal, juntar-se ao pai que já estava desde o início da montagem da Base Aérea de Parnamirim, onde ficavam os americanos. "Lembro que cheguei e vi aquele quintal cheio de cajueiros, de mangueiras, chovia aquela chuva do caju e a gente não entendia como era que chovia em dezembro, e eu corri e vi um pé de sapoti, assim esbranquiçado, e perguntei se era um pé de ovo".
Assim era Zila. A própria figura da menina inocente do sertão nordestino. No Colégio da Conceição aprendeu o português que usaria com mestria. Ao terminar o curso secundário, em 1949, foi passar uma temporada em João Pessoa e Recife com seu padrinho de batismo, Francisco de Medeiros Dantas, um homem culto que descobriu que a afilhada "era analfabeta em matéria de literatura" e, a partir de então, começou a lhe dar coisas para ler.
Depois de uma tentativa frustrada de ser freira (o que o pai não queria), voltou para Natal e começou a sentir "saudades do céu", uma angústia existencial que a levou a escrever. Zila tinha, então, 21 anos.
Publicou cinco livros de poesias: Rosa de pedra (1953), Salinas (1958), O arado (1959), Exercício da palavra (1975) e Corpo a corpo (1978). Escreveu ainda estudos bibliográficos sobre Câmara Cascudo e João Cabral de Melo, que a incluiu entres os maiores poetas do país.
Zila Mamede morreu em 13 de dezembro de 1985.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

INCENTIVO À LEITURA NOS ANOS INICIAIS...




Dar oportunidade para uma criança conhecer o mundo encantado dos livros é um dos papéis fundamentais da escola, seja através dos clássicos infantis, contos, lendas, anedotas, quadrinhos, dentre vários outros.
Para isso, é fundamental que os professores sejam os elementos de ligação entre os alunos e os livros, ao mundo do faz-de-conta, pois estes ampliam o potencial imaginativo da criança, tornando-a mais criativa.
Existem várias formas de incentivar a criança a gostar de ler, bem como a criar o hábito de leitura. Ser um bom contador de histórias é uma dessas formas, pois as crianças se encantam com o professor, com a entonação de sua voz, os gestos que faz, as caras e bocas, os risos ou choros, enfim, tudo aquilo que traz emoção para o momento. E mais tarde tentam imitá-lo agindo da mesma forma.
Entretanto, a leitura não deve ser somente para o prazer, mas com o objetivo de promover a capacidade reflexiva e crítica, o que acontece quando o professor abre espaço para discussões após a mesma, dando oportunidade dos alunos darem suas opiniões, elogiando ou não o livro, repensando suas idéias acerca do tema abordado, ou até mesmo mudando o final da história.




Outra forma, considerável, de se incentivar a leitura é levar os alunos a fazerem uma visita semanal à biblioteca da escola, tendo estes o direito de livre escolha dos livros. É bom que o professor determine um tempo para ficarem no local; um horário de cinqüenta minutos, por exemplo, dará para fazer a leitura de vários textos.
Voltando para a sala de aula, cada aluno poderá fazer um desenho ou um resumo, a fim de registrar e demonstrar o que foi lido, bem como a forma que compreendeu a história.
Brincar com teatro, fantasias, buscando a representação dos textos lidos também é uma excelente forma de incentivar a leitura, pois o aluno percebe que para simular precisa ter um texto, uma história em mente. Além disso, o teatro é uma forma prazerosa de se aprender, promove descontração e muita troca de conhecimento.
E não precisam fazer a representação apenas de histórias, mas de filmes, conteúdos de outras disciplinas, fatos do cotidiano, etc.
O importante é que a escola abra espaço para esse tipo de trabalho e que os professores incentive-os sempre, visando o aumento do vocabulário, a riqueza de idéias, a desinibição, a constituir uma fala desenvolta e a ficar mais próximos dos acontecimentos sociais.

Por Jussara de Barros

Graduada em Pedagogia

Equipe Brasil Escola


sábado, 25 de janeiro de 2014

'O PARADOXO DO NOSSO TEMPO' (MENSAGEM DE REFLEXÃO)





Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente. 

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. 

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.




Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. 

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. 

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas". 

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.




Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.

FONTE: