Bebês e crianças devem aprender com brincadeiras
A Academia
Americana de Pediatria informa que as crianças aprendem mais com jogos
educativos, brincadeiras e interação com outras pessoas do que com as mídias
eletrônicas
A tentação de
confiar nas mídias eletrônicas e nos programas televisivos para entreter
crianças pequenas e bebês está mais em alta do que nunca e estão em casa, no
carro e até mesmo no supermercado. Não há escassez de produtos como DVDs, vídeo
games e programação orientada para os pequenos. Mas uma nova declaração da
política da American Academy of
Pediatrics (AAP) diz que existem maneiras melhores de ajudar as
crianças a aprender nessa idade crítica.
Em uma pesquisa recente, 90% dos pais disseram que suas
crianças menores de 2 anos assistem algum tipo de mídia eletrônica. Em média,
os pequenos assistem a programas televisivos de 1 a 2 horas por dia.
Aos 3, quase um terço tem uma televisão em seu quarto. Os responsáveis acreditam
que a TV é educativa e é “muito importante para o desenvolvimento saudável”.
Nestes casos, as chances de mantê-la ligada o tempo todo ou em parte dele são
duas vezes maiores.
A declaração da
política do uso de mídias por crianças menores de dois anos
“Media
Use
by
Children
Younger
Than
Two
Years”, foi
lançado terca-feira, 18 de outubro, na Conferência Nacional AAP &
Exhibition, em Boston e será publicada na edição de novembro de 2011 de
Pediatrics (lançada on-line, em 18 de outubro).
A AAP fornece orientações sobre o uso de mídias para
crianças menores de 2 anos de idade desde 1999 e uma recomendação na declaração
da Academia da política, “Media
Education“, as desencorajava ver
TV.
Na época, havia poucos dados
sobre o assunto, mas a AAP acreditava que existia mais efeitos negativos da
exposição à mídia para os mais jovens. Dados mais recentes confirmam isso e a
Conferência mantém a sua recomendação para manter as crianças com idade inferior
a 2 anos como “tela-free”
ou mais afastadas da TV, computador, vídeo game e outros,
o quanto for possível.
Hoje,
sabe-se mais sobre o desenvolvimento do cérebro das crianças nos primeiros anos
e as melhores maneiras de ajudá-las a aprender; sobre os efeitos que os vários
tipos de estimulação e atividades têm nesse processo, por isto fazemos estas
recomendações.
“As preocupações
levantadas na declaração das políticas originais são ainda mais relevantes
agora, o que nos levou a desenvolver uma atitude mais abrangente de orientação
em torno dessa faixa etária”, disse o Dr. Brown, membro do Conselho AAP em
Comunicações e Media.
O relatório propôs a
responder a duas perguntas:
1-
Fazer programas de vídeo e televisão têm qualquer valor educativo para as
crianças menores de 2?
2-
Existe algum mal em crianças desta idade assistir a esses programas?
As principais
conclusões incluem:
a-
Muitos programas de vídeo para crianças e bebês são comercializados como
“educacionais”, mas as evidências não sustentam isso. Eles só são considerados
de qualidade e educativos para as crianças, apenas se elas entendem o conteúdo e
o contexto do que é passado. Estudos consistentes mostram que somente as de
idade superior a 2 anos, normalmente têm esse entendimento;
b- Tempo de brincadeiras bem estruturadas
é mais valioso para o cérebro em desenvolvimento do que a mídia eletrônica. As
crianças aprendem a pensar criativamente, resolver problemas e desenvolver
habilidades de raciocínio e motor em idades precoces;
c- As crianças pequenas aprendem melhor e
têm necessidade de interação com seres humanos, não com telas;
d- Pais que assistem TV ou vídeos com seus
filhos podem contribuir para a compreensão da criança, mas elas aprendem mais
com apresentações ao vivo do que com as televisionadas;
e- Quando os pais estão assistindo os
seus próprios programas, estes são “mídia de fundo” para seus filhos. Distrai o
pai e diminui interação pais-criança. A presença da TV também pode interferir
com a aprendizagem do filho que realiza jogos e atividades;
f- Ver televisão perto da hora de dormir
pode causar maus hábitos de sono e sono irregular, o que pode afetar
negativamente o comportamento, humor e aprendizagem;
g- Crianças com uso de mídia intenso
correm o risco de atrasos no desenvolvimento da linguagem, mas ainda é
necessária mais investigação sobre as razões.
O relatório
recomenda que os pais e responsáveis:
a-
Definam os limites de tempo de exposição em frente à TV para seus filhos que
tenham menos de 2 anos, levando em consideração que a AAP desencoraja uso da
mídia para este grupo etário. Tenham uma estratégia para gerenciar, se optar por
expor as crianças às estas mídias;
b- Ao invés de telas, optar por jogos
supervisionados para bebês e crianças jovens durante os tempos que os pais podem
sentar e participar ativamente no brincar com eles;
c- Evite colocar um aparelho de televisão no
quarto da criança;
d-
Reconhecer que a utilização de mídia eletrônica pode ter um efeito negativo
sobre as crianças;
e- O
relatório também recomenda mais pesquisas sobre os efeitos em longo prazo da
exposição à televisão na saúde física, mental e social das crianças.
Tradução
e adaptação:
Dr José Luiz
Setúbal
Fonte:
American Academy of Pediatrics (AAP) National Conference and Exhibition
in Boston
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