Meu encanto pela educação e pelo ato de ensinar, aprender e "professar" renova-se diariamente junto aos meus meninos, mas esses dias o encantamento foi mais que aguçado, podendo dizer que foi reavivado! Uma das minha últimas aquisições, o livro "Seja o professor que você gostaria de ter", de Serrano Freire, é um balde de ânimo em cima de todas as injustiças e humilhações pelas quais passam os professores brasileiros. É, na verdade, o conjunto de textos que tratam da beleza e da magia da nossa profissão que tenho lido até então. Um capítulo, em particular, chamou minha atenção. Um que trata dos "professauros". Vamos à leitura, então:
"Costumamos chamar de PROFESSAUROS aqueles ainda chamados de professores, mas que já abandonaram seus ideais, seus sonhos e que estão em sala de aula apenas para cumprir uma programação, ou, como diríamos no futebol, apenas para cumprir a tabela. Não querem chegar a lugar algum, não querem mudar nada. Só servem para atrapalhar nossos ideais e fazer com que a nossa educação, não alcançando suas metas, seja desrespeitada e desvalorizada por tantos.
Mas eles existem.
Observem os sintomas a seguir e, se encontrar na sua escola alguém assim... cuidado!
O PROFESSAURO:
1. Reclama de Tudo - Está sempre insatisfeito, parece mal-amado. Reclama do calor, do salário, dos alunos, das férias que não chegam. Nunca está na turma do "vamos fazer". Gosta mais do grupo "não vale a pena".
2. Adora dar aula sentado - É só chegar na sala e se esparrama na cadeira. Já chega cansado. Desse jeito, não valoriza o seu trabalho, ignora seus alunos e demonstra desconhecer o mínimo sobre comunicação. Quando cansa da cadeira, senta na mesa. Pobres alunos...
3. Culpa os alunos pelos fracassos que são seus - O professor é o líder e o gerenciador de tudo que acontece em seu espaço e local de trabalho. Cabe a ele criar o ambiente de motivação, despertar entusiasmo e interesse dos seus alunos. Professores assim só querem ser responsáveis pelos resultados obtidos por alunos de sucesso. Quando encontram um ex-aluno, agora, professor, médico ou advogado, dizem cm natural orgulho: "Foi meu aluno". Mas, quando o aluno não obteve o mesmo êxito, apresam-se a dizer: "Não queria nada com os estudos".
Você é responsável, sim, pelo sucesso dos seus alunos, tanto quanto pelos seus fracassos. Pense nisso. Quando seu aluno é reprovado, todo o processo precisa ser reavaliado. Aliás, a ideia de avaliação escolar deve passar pela análise do processo e não do resultado isoladamente.
4. Detesta novidade - Ele fica louco quando alguém tem alguma ideia e o convida para colocá-la em prática. Quando você chega de um congresso cheio de ideias e novidades, ele é o primeiro a dizer: "Isso não vai dar certo. Estou na educação há muito tempo e nunca deu certo". Ele não consegue mais sonhar e, também, não quer ver ninguém sonhando perto dele. O sonho dele é puxar você para baixo, para sua imobilidade.
Resista!
5. Suas aulas são sempre iguais - Passa ano, entra ano e não muda nada na aula dele. É tudo igual. Sempre a mesma coisa, a mesma falta de criatividade, a mesma falta de interesse, repetindo até as mesmas palavras. Não aprendeu nada nos últimos anos, não leu nada, aliás, normalmente nem gosta de ler. É fácil encontrá-lo. Fala pouco e, aparentemente, concorda com tudo, para não chamar a atenção. Quando leciona em turmas de 1º ao 5º ano costuma ficar sempre na mesma série. Mudar de série implicar reaprender, e isso, para ele, é horrível.
6. Vive pensando na aposentadoria - É mais do que legítimo o direito de, depois de tantos anos de trabalho, encontrar o descanso merecido. Mas você deve sair de cena com dignidade, cumprindo até o último momento suas obrigações com entusiasmo e profissionalismo, deixando um gostinho de saudade. Aposente-se com orgulho pela história que você construiu e não como uma fuga.
Alguns profissionais quando estão perto da tão sonhada aposentadoria, na realidade, primeiro, aposentam seus espíritos, passam a andar na escola como zumbis, depois aposentam seus ideais, deixam de manifestar interesse pela profissão que elegeram para suas vidas. No mínimo, ingratidão.
7. Sofre da Síndrome de Gabriela - Quando convidado a mudar, a fazer coisas diferentes, a buscar novas estratégias, costuma dizer, atolado na sua zona de conforto: "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou sempre assim, para sempre assim". É a própria Gabriela!
8. Adora atestado médico - Em algumas cidades, chega perto de 30% o percentual mensal de afastamento de professores com atestado médico. Apresentam atestados pelos mais variados motivos. Muitas vezes, problemas sérios e verdadeiros e outros nem tanto: dor de barriga, unha encravada, paixão recolhida etc. Provavelmente, essa profusão de atestados médicos deve-se também à existência de alguns medicossauro do sistema.
Precisamos ter cuidado com o PROFESSAURO. Ele é perigoso, chega de mansinho, vai tomando espaço e, quando você se dá conta, não consegue andar sem tropeçar em algum. Previna sua escola, coloque avisos na sala dos professores e fique alerta. Em caso de suspeita, consulte a sua consciência.
AUTOR: ANDRÉ MAGRI
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita....Não esqueça de deixar seu comentário.