A falta de limites por parte de crianças e adolescentes é assunto comum tanto na família quanto na escola. Crianças e adolescentes têm dificuldades em aceitar limites; as crianças, porque não sabem ouvir um não, e os adolescentes porque resistem a toda e qualquer representação de autoridade. As coisas complicam quando essa falta de limites extrapola os espaços da família e da escola, permeando toda a sociedade.
Limites são ensinados principalmente no seio familiar, aprendidos e colocados em prática por meio da internalização de princípios e valores morais. Respeito e responsabilidade são a base de todos eles. Respeito, nesse sentido, nada tem a ver com medo, temor, mas com consideração, atenção, estima, honra. Responsabilidade é a capacidade de assumir e cumprir seus deveres.
Limites são subjetivos, e estão diretamente relacionados às atitudes, ou seja, ao modo de agir das pessoas. A falta de limites faz com que um indivíduo ultrapasse as raias do desrespeito e adote um comportamento socialmente inaceitável. Nada é gratuito, e a falta de limites traz consequências sérias para o indivíduo e para a sociedade. A ideia de que cada pessoa é dona de seu próprio nariz e tem o direito de fazer o que bem entende, como pregam alguns, é totalmente errônea e nociva à edificação da sociedade. É por isso que o estabelecimento de limites para crianças e adolescentes deve ter início no seio familiar e prosseguir com o apoio da escola. E tanto em uma quanto na outra, somente saberá ensinar e estabelecer limites quem os conhece e os pratica. Limites não devem ser impostos.
A escola é o braço direito da família no estabelecimento de limites. Por isso é extremamente importante aprender a aplicar o conhecimento adquirido na escola à experiência diária do aluno. Os conteúdos aprendidos não são apenas para o intelecto, mas para a vida prática. E a prática de vida começa na escola pelo estabelecimento de limites. A maneira de o professor lidar com a indisciplina na sala de aula depende do tipo de pessoa que ele é, de como trabalha suas emoções e de como controla suas atitudes. A mesma turma indisciplinada pode ser vista de maneira diferente por professores diferentes. O estabelecimento de limites segue o mesmo princípio. A forma de os limites serem estabelecidos vai depender totalmente do professor que os estabelece.
A sala de aula não é um lugar de silêncio fúnebre nem um lugar para algazarras. O estabelecimento de limites deve acontecer para que os alunos possam vivenciar de modo prático o que na sociedade será fundamental para sua edificação em justiça, solidariedade e pacificidade.
AUTOR: Maurício Apolinário
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Leia mais sobre o assunto em meus livros "Limites na sala de aula: emoções, atitudes e ações" (com enfoque unicamente na interação professor - aluno na sala de aula) e "A arte da guerra para professores".
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